quinta-feira, 26 de maio de 2011

A importância do aprender ao longo da vida.... e o processo de RVCC

Numa época em que o “prazo de validade” de muitos dos nossos conhecimentos é cada vez mais reduzido e precário, não adianta insistir em responder às exigências dos dias de hoje com saberes, aptidões e atitudes adquiridos a algumas décadas atrás.

A época em que vivemos é, de acordo com alguns sociólogos,  uma era de incertezas, de fragmentações, de desconstruções, de procura de valores, do imediatismo, do hedonismo, do consumismo, etc. Neste contexto, torna-se cada vez mais importante que as pessoas aprendam, não apenas para conseguir um trabalho mas, também, para poderem participar social e politicamente. Aprender a cidadania, a participação democrática e, tudo isto, envolve aprendizagem, e esta, passa pela educação formal ou informal.

É do senso comum que o ser humano aprende desde que nasce. Aprende com a família, com os amigos, com os grupos a que pertence, com os professores, com os formadores, etc. Aprende na escola, em casa, na fábrica, nos clubes recreativos e desportivos, nas acções de formação ……etc..

Este aprender, para a vida e para o trabalho, requer muitas qualificações e competências que se vão adquirindo ao longo da vida. Assim, quando falo em competências não me refiro a categorias vazias, elas pressupõem saberes e capacidades em acção.

É nesta realidade que considero relevante o surgimento dos CRVCC (Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências), sobretudo, enquanto sistema inovador que se opõe aos raciocínios dicotómicos que separa a escola, da vida; o ensino, da aprendizagem; o saber ,das competências. Isto, num período em que estudos académicos, as ciências da educação e a própria realidade mostram e defendem que a escola se deve aproximar da vida, que a principal preocupação da actividade educativa já não é o ensino mas a aprendizagem e que a aquisição e desenvolvimento de competências é o principal objectivo do acto educativo.

Assim, ao reconhecer na população adulta competências adquiridas ao longo da vida (por via formal, não formal e informal), tornando-as válidas face a um referencial nacional e certificando-as, assume-se que este processo (RVCC) não é mais do que uma elementar questão de justiça social, sobretudo num país com um passado histórico como o nosso.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estudar (ainda) vale a pena.....

Os/as portugueses/as ainda não digeriram completamente a brutal transformação do ensino superior nas últimas décadas. O universo de licenciados/as já não é um corpo de elite inacessível à maioria; pelo contrário, tornou-se uma legião de jovens sem conexão a qualquer estatuto social, familiar ou cultural. A democratização do ensino trouxe aos jovens em idade de escolher os seus cursos e/ou aos pais empenhados em ajudá-los a realizar as melhores opções uma série de angústias novas, para as quais ninguém tem resposta certa.Se até à geração anterior uma licenciatura era o melhor meio de se garantir um lugar no mundo do trabalho, hoje as estatísticas do desemprego acolhem milhares de jovens recém-formados.

As manifestações do tipo "geração à rasca", vieram colocar de novo o problema da educação e das suas vantagens e desvantagens, isto, num momento delicado de profunda crise económica e social. O problema pode ser resumido na seguinte pergunta: vale a pena, afinal, estudar????

Esta questão comporta um elemento de perigo que vale a pena encarar de frente: o da descrença nos efeitos da educação na valorização dos individuos  e da sociedade que integram. O pior que pode acontecer ao sistema educativo, aos jovens e ao país, é a consolidação que a educação não serve para nada, nem para garantir a mobilidade social, nem para prover meios indispensáveis para uma vida confortável. Torna-se, é certo, manter este discurso com jovens que concluíram os seus cursos universitários e estão no desemprego ou em empregos pouco qualificados e mal remunerados; é difícil fazer crer aos licenciados que trabalham fora das suas áreas de competência que os problemas estruturais do país, podem ser superados em breve. Mas há, também, um dado incontornável nestas discussões: sem formação superior o problema pessoal de muitos jovens seria provavelmente pior.

Quem está na fase de entrar nas últimas etapas de formação tem por isso de estar convencido/a de que apesar de a realidade ser dura, o desemprego afecta mais os jovens não qualificados do que os qualificados; que uma formação superior é sempre um ingrediente capaz de nos tornar mais abertos à compreensão do mundo e, por isso, mais adaptáveis às suas exigências.

Com base nestes instrumentos, o que os jovens e os seus pais têm de procurar evitar são armadilhas de cursos que existem apenas por tolerância do Governo e interesse próprio dos seus docentes ou áreas de formação nas quais a saturação de mão de obra é incontornável.Também neste ponto terá de haver uma ponderação cuidada. Isto porque, seja em Portugal ou em qualquer outro pais, haverá sempre lugar para os melhores entre os melhores, sejam eles da área da psicologia, engenharia, história, ou outras. Será sempre mais reconhecido/a, por exemplo, um/a bom/boa filólogo/a do que um mau/má engenheiro/a.

O que importa é reflectir bem sobre o que se quer e, principalmente, acreditar que o estudo é, não apenas uma condição fundamental para que sejamos cidadãos melhores, mas também, para que nos tornemos mais capazes de desempenhar tarefas de exigência superior. 

domingo, 1 de maio de 2011

"chumbar" ou não "chumbar"?

Permanece, ainda, um discurso sobre a escola assente em ideias feitas, incapaz de perceber o que está em causa quando se fala em "chumbar" ou não "chumbar" o/a aluno/a.Para muitos, os "chumbos" são a solução mais cómoda para "resolver" os problemas do insucesso.O processo de aprendizagem está a mudar, mas os velhos paradigmas permanecem. Reprovar um aluno é simples, mas não garante nenhuma eficácia ao sistema: muitos dos/as alunos/as que ficam para trás não recuperam, para não falar dos custos financeiros da retenção.Assim, entendo que cabe a cada estabelecimento definir o caminho a seguir, a partir de orientações básicas e tendo em conta o grau de escolaridade e as características da população que serve.Este esforço deve ser centrado na detecção precoce dos/as alunos/as com dificuldades de aprendizagem, bem como na formação especializada de professores. O primeiro ciclo é o território crucial para compreendermos onde devemos actuar.