terça-feira, 27 de setembro de 2011

Qualificações e Competências...que diferenças?

Os sistemas de Ensino e de Formação assumem, cada vez mais, um papel fundamental na "produção" das qualificações indispensáveis para enfrentar, com sucesso, os exigentes desafios que nos são colocados diariamente, sobretudo ao nível profissional. 
No entanto, questionamos se o mercado de trabalho absorve, de facto, as qualificações que são produzidas por estes sistemas.

De acordo com  o último relatório da OCDE, Portugal surge como um país onde se verifica uma melhoria na qualificação da população, nomeadamente ao nível do ensino secundário. Este facto constitui um feito importante para o país, uma vez que durante décadas foi dos piores na educação e formação.
Assim, e neste contexto, importa perceber se os sistemas de educação e formação estão, de facto, a agir no sentido de produzir as qualificações necessárias para o desenvolvimento do país?

Existe uma diferença assinalável entre o conceito de qualificações e o conceito de competências. As primeiras, são categorias formais que dizem respeito a conhecimentos ou habilidades que se supõe estarem adquiridos por determinadas pessoas, através da posse de um determinado comprovativo formal, passado por uma entidade "idónea". As segundas, são acções concretas que produzem resultados observáveis e mensuráveis num dado contexto ou situação.

Neste entendimento, a competência mostra-se no acto, é um saber agir. Para saber agir é necessário ter conhecimentos, capacidades e saber mobilizá-los. A competência constrói-se e revela-se pela prática.
Assim, não é claro que uma pessoa que esteja qualificada para realizar determinada actividade, evidencie, só por isso, a competência de a "fazer bem".

A questão central, desta reflexão,  é a de sabermos se a progressão das qualificações é acompanhada por uma, expectável, melhoria das competências. De acordo com a filosofia chinesa - "O que se sabe não tem valor em si mesmo. O valor está no que se faz com o que se sabe"

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A importância da Educação num país em crise

Sou dos que pensam que uma modalidade diferente de educação está por inventar.Isto porque, os discursos e as práticas que sustentam os procedimentos educativos na instituição escolar têm vindo a falhar.

Nestes tempos de mudança, a par das exigências da qualidade do ensino devem estar as exigências da qualidade do exercício da cidadania. Não basta preparar cérebros, é decisivo formar pessoas.
Na essência, a educação tem de perseguir incansavelmente um objectivo muito concreto, ou seja, preparar os jovens para a sociedade de amanhã. Para isso, tem de ter em conta dois aspectos bem precisos: a preparação para a vida profissional e, talvez mais importante, a preparação para a vida em sociedade.

Neste entendimento, cabe à escola, entre outras, alertar os jovens para os grandes flagelos que afectam a humanidade e incentivar a sua intervenção cívica; ajudar  a perceber o seu papel social na comunidade e a vivê-lo de uma forma actuante;  informar e consciencializar dos seus direitos e deveres; a assumirem as suas responsabilidades individuais e sociais; a compreender que se pode ter influência e marcar a diferença na respectiva comunidade de pertença. 

Neste sentido, o ensino deve promover um modelo de cidadão livre, responsável, autónomo, solidário, possuidor de um espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, dotado de um espírito crítico e criativo em relação à sociedade em que se integra.

Numa sociedade cada vez mais marcada pelo discurso economicista, em que o fosso entre ricos e pobres se agrava diariamente, o papel da escola é necessariamente limitado.Pensar que a escola pode reformar a sociedade e acabar com as assimetrias sociais existentes é depositar nos seus ombros um peso excessivo. No entanto, a escola pode dar um contributo forte, uma vez que é uma instituição vocacionada para formar as gerações mais novas.
O investimento na educação não deve ser apenas mensurável em termos economicistas, uma vez que lhe está associado um efeito social multiplicador.
Assim, sem um novo discurso que ponha a economia ao serviço do homem, e não o seu contrário, a escola ficará sempre muito aquém do que dela é esperado