Este artigo surge em vésperas de serem conhecidos os resultado da 1.ª fase dos exames
finais nacionais, do ensino secundário, e tem presente (do meu ponto de vista errado) a convicção, por parte do atual ministro de educação, de que só por haver exames as coisas melhoram.Desde há muito que boa parte do seu pensamento
educativo, se assim se pode chamar, se centra na promoção de mais exames como
forma de melhorar a qualidade e os resultados dos alunos.
Na linha do que tenho vindo a escrever,
reconheço a óbvia importância dos exames, isto porque considero a avaliação regular como imprescindível.A qualidade do ensino
promove-se, é certo e deve sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das
aprendizagens, naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho dos
professores, com a definição de currículos adequados e de vias diferenciadas de
percurso educativo para os alunos sempre com a finalidade de promover
o sucesso educativo e combater o abandono escolar, com a estruturação de dispositivos de apoio a alunos
e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas educativas
que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos adequados de
organização e funcionamento das escolas, com a definição de objectivos de curto
e médio prazo, etc.
A introdução
de mais exames como panaceia da qualidade promove, do meu ponto de vista, o
risco do trabalho escolar se organizar centrado na preparação dos alunos para a
multiplicidade de exames que realizam.
A defesa
de mais exames, como muitas vezes é feita, em nome do combate ao
"facilitismo" é, nas mais das vezes, um discurso demagógico, ele sim,
"facilitista". No entanto, as referências à exigência e ao rigor
vendem bem, ainda que deixem de lado os aspectos mais essenciais da educação,
como bem acentua o trabalho da OCDE, isto é, promover a qualificação para todos os alunos.
A questão central da qualidade não é
a avaliação, mas os conteúdos e os processos de ensinar e aprender.Os dispositivos de avaliação são uma parte
fundamental, imprescindível e integrada de todo este processo e não o fim das
aprendizagens como parece ser o entendimento do atual ministro.
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