segunda-feira, 6 de junho de 2011

Não são "doutores" como os professores, nem têm "estudos" como os alunos....

Todos os anos chegam notícias que, de forma negativa, marcam o arranque de um novo ano lectivo. Neste contexto, importa referir a grande quantidade de escolas e agrupamentos que se confrontam com as consequências resultantes da falta de pessoal não docente, nomeadamente de assistentes operacionais (antigamente conhecidos por auxiliares de acção educativa).Este facto, com consequências na desumanização da escola pública, é  fruto de uma política de vários governos, que vêm deixando de encarar estes elementos da comunidade escolar como recursos humanos que, ainda que não directamente  implicados no processo educativo em si, constituem um factor indispensável ao sucesso deste, seja no âmbito da organização e funcionamento das escolas, seja no apoio à função educativa. Ainda mais, quando estes mesmos governantes e responsáveis pelo Ministério da Educação, centram, nos seus discursos, a importância que todos os profissionais da educação têm  no processo de construção de uma escola de qualidade.
Integrados no pessoal não docente, os assistentes operacionais são os que mais vêm negado o seu verdadeiro papel na relação com os restantes elementos da comunidade escolar, levando à sua estigmatização e desvalorização. Facto bem presente na forma precária e de mero desenrasque com que os vão substituindo, seja através de contratos a tempo parcial de 2 a 4 horas, seja por utilização de trabalhadores desempregados, sem qualquer preparação prévia ou formação adequada. Desta forma, desvirtua-se a verdadeira missão destes trabalhadores e trabalhadoras que, não sendo "doutores", como os professores, nem tendo "estudos", como os alunos , têm cada vez mais um papel crucial no processo educativo.
São eles que, na escola,  ouvem as confidências do aluno isolado, que não tem amigos e não tem mais ninguém com quem falar; que escutam o/a professor(a) "desanimado(a)" com a escola; que limpam a escola à pressa quando há visitas ministeriais ou inspecções; etc.

Não apenas por isto, mas também, torna-se premente um maior investimento na humanização da escola. Para isso é importante contrariar algumas das medidas tomadas por algumas escolas, em nome da segurança, como a instalação de câmaras de vigilância, entre outras , que acabam por desvalorizar o papel destes trabalhadores.

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