domingo, 4 de dezembro de 2011

A escola pública de qualidade e a promoção da investigação cientifica são uma parte fundamental da solução e não uma parte do problema...

Subscrevo, totalmente, o conteúdo do manifesto abaixo apresentado e divulgado hoje no Público. Isto porque,  a educação tem de continuar a ser entendida como um direito que potencia um conjunto mais vasto de outros.

Da disponibilização deste direito deve-se incumbir o Estado, que tem a obrigação institucional de proporcionar a todos os cidadãos  um sistema de ensino público de qualidade.

 

A educação, o país, o futuro

 Nos seus 35 anos de democracia Portugal venceu o desafio da democratização do acesso à educação e aproximou-se dos níveis de qualificação europeus. Ainda que muitas das promessas da escola pública tenham sido apenas parcialmente cumpridas e que o acréscimo das qualificações não tenha sempre vindo acompanhado de maior justiça social e de crescimento, a verdade é que a educação está no centro do aprofundamento da democracia e da possibilidade do desenvolvimento.
As perspectivas com que se confronta hoje o campo educativo são, contudo, desoladoras. A situação das finanças públicas reclama um conhecimento e avaliação exigentes de todos os compromissos públicos, identificando despesa desnecessária, supérflua e geradora de injustiças sociais e distinguindo-a da que é indispensável, que colmata problemas sociais graves e qualifica o país. Por isso mesmo, a fragilização da educação não pode ser o objectivo de uma política que enfrente as dificuldades e o défice económico e social do país. A escola pública de qualidade e a promoção da investigação científica são uma parte fundamental da solução e não uma parte do problema.
O corte de 864 milhões de euros em 2012 na educação e ciência atira Portugal para a retaguarda da União Europeia em matéria de investimento no ensino. Em 2010 as despesas do Estado com a educação representavam 5% do PIB; passarão agora a apenas 3,8%. Na UE, a média é de 5,5% e na Eslováquia, que estava no final do tabela, rondava os 4%.
Esta escolha terá um efeito devastador nas escolas, e, portanto, sobre as crianças e os jovens que construirão o futuro do país. Se esta política for avante, as escolas e as universidades perderão milhares de professores necessários, muitos recursos fundamentais e assistiremos inevitavelmente à degradação das condições de aprendizagem com o aumento do número de alunos por turma e o término de algumas experiências fundamentais de combate ao insucesso escolar. A situação das finanças públicas não pode, portanto, servir de argumento para deteriorar a vida nas escolas, precarizar as relações de trabalho e hipotecar o futuro da educação.
Os défices da escola pública não se resolvem, tampouco, com a dualização do sistema educativo nem com a estratificação das vias escolares, abandonando o mandato democrático que estabelece que a escola deve garantir a igualdade, em lugar de promover a desigualdade como programa de política educativa.
O discurso segundo o qual estamos perante um abaixamento generalizado das competências e que isso exige como resposta que a escola volte “aos conhecimentos básicos” não se fundamenta em nenhum diagnóstico comprovado nem na apresentação de qualquer dado objectivo. Sem base na realidade, o seu efeito é, pelo contrário, expurgar tudo o que na educação escolar possa ter uma relação com a vida quotidiana, com o mundo da vida dos jovens, com as capacidades, competências e conhecimentos ligados à cidadania, à promoção do pensamento crítico, da participação ou da curiosidade científica.
No Ensino Superior há uma séria limitação da actividade das instituições, rompendo-se metas estabelecidas e compromissos assumidos e agravando-se as condições de desigualdade no acesso e na frequência, seja através da pressão para o encarecimento da formação como forma de recolher receitas próprias, seja na diminuição das verbas disponíveis para a acção social escolar, seja na incapacidade de entender as qualificações produzidas como o principal recurso para um outro modelo económico. A limitação do investimento na investigação anuncia a prazo o fim das redes de produção de conhecimento científico que constituem um dos mais preciosos recursos que o país criou nas últimas décadas. Desperdiçar esse investimento e qualificação é eliminar uma das melhores possibilidades de reconstrução promissora do futuro do país.
O nosso país confronta-se hoje com um cenário em que se propõe à escola pública e ao ensino superior que recue décadas, quer na definição do seu papel, quer nas suas formas de organização, quer nas modalidades pedagógicas a que recorre. Pelo contrário, precisamos, em particular em contexto de crise, de um sistema educativo que seja mais democrático, mais respeitador da diversidade e mais promotor da igualdade.
A afirmação do conhecimento, da cultura e da cidadania obriga-nos, enquanto agentes da educação e da ciência, a utilizar todas as nossas energias contra o esvaziamento do papel do Estado na educação, o desmantelamento de políticas de combate às desigualdades escolares e contra uma reeestruturação curricular cujo sentido seja a recuperação de uma escola conservadora contra a complexidade e a abertura que a sociedade de hoje exige.
Ana Benavente (investigadora ex-Secret. Estado Educação,); Ana Cláudia Pimenta (Ass. Acad. Univ. Évora); Ana Costa (investig. ISCTE-IUL); Ana Drago (deputada Com. Educação da AR); Adriana Bebiano (investig., prof. FLUC); Almerindo Janela Afonso (investig., prof. Univ. Minho); António Avelãs (presidente SPGL); André Moreira (Presid. AE Esc. Secund. Paredes); António Teodoro (investig., prof. Univ. Lusófona); Arsélio Martins (Prémio Nacional de Professor 2007); Carlos Fortuna (investig., prof.FEUC); Conceição Nogueira (prof. Univ. Minho); Eduardo Melo (Presid. Ass. Acad. Coimbra) Eliana Tavares (AE ICBAS); Fátima Antunes (investig. IEC- UM); Fernando Rosas (investig., prof. FCSH – UNL); João Luís Queirós (trab-est, ESE, ABIC); João Mineiro (AE do ISCTE-IUL); João Teixeira Lopes (sociólogo); Jorge Martins (prof, ex- Director Regional de Educação;  Jorge Sequeiros (investig. IBMC); José Alberto Correia (prof., Director  FPCEUP); José Moreira (Vice-presidente do SneSup); José Soeiro (sociólogo, bolseiro investigação); Licínio Lima (investig., prof. Univ. Minho); Luiza Cortesão (Directora Inst. Paulo Freire); Manuel Carlos Silva (prof U. Minho, presidente APS); Manuel Grilo (prof., dirigente SPGL); Manuel Jacinto Sarmento (investig. IEC, prof. Univ. Minho); Manuela Mendonça (Presidente SPN); Marco Loureiro (presid. Ass. Acad. Guarda); Maria José Araújo (animadora); Maria José Viseu (Presid. Conf. Nacional Independente Pais e Encarregados de Educ); Maria José Vitorino (prof., bibliotecária); Maria do Rosário Gama (Ex-directora Esc. Sec. Infanta D. Maria); Mário Nogueira (Secretário-geral FENPROF); Marlene Espírito Santo (presidente AE da ES Enfermagem Lisboa); Miguel Reis (prof., Movimento Prof. Contratados); Nuno Serra (investigador CES); Paulo Guinote (prof. , blog educação do meu umbigo); Paulo Peixoto (investig., ex-presid. SNESup); Pedro Oliveira (prof ICBAS, dirigente SPN); Ricardo Silva (APEDE, Ass. Prof e Educadores em Defesa do Ensino); Rodrigo Pereira (AE ES Teatro e Cinema IPL); Rosa Madeira (investig., prof. Univ. Aveiro); Rui Bebiano (investig., prof.FLUC); Rui Borges (investigador FCUL); Rui d’Espiney (Instituto Comunidades Educativas); Rui Trindade (investig., prof. FPCEUP); Samuel Niza (investigador Inst. Sup. Técnico); Sérgio Niza (Movimento Escola Moderna)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO

Importa refletir, sobre a importância da comunicação nos dias de hoje. 
A comunicação é uma necessidade absoluta dos nossos dias e poderá facilmente fazer-nos tropeçar, dificultar os nossos contactos e até provocar problemas se não atendermos aos seus princípios e requisitos.Saber comunicar, isto é fazer-se compreender, está a tornar-se um dos maiores problemas do mundo de hoje.

Tendo ou não consciência disso, todos nós passamos grande parte  do tempo, seja, a compartilhar emoções e afetos, seja, a trocar saberes e experiências,  ideias e informações,  ou ainda, a negociar bens e serviços, entre outras. Dependemos de quase todo o mundo e todo o mundo depende de nós. 

Neste entendimento, a comunicação torna-se  vital para o desenvolvimento e manutenção do relacionamento  humano. Nasce da intenção e vontade das pessoas, recíproca  e ativamente, se escutarem e não apenas ouvirem. 

A verdadeira comunicação pressupõe, por parte de cada interlocutor, uma elevada capacidade para entender o mundo emocional e vivencial do outro, sem ter de o sentir da mesma forma que ele o sente.Isto é, exige capacidade para se colocar no lugar do outro e vê-lo tal como ele é. Só deste modo é possível entender as suas mensagens, aperceber-se da sua singularidade e sentir as suas emoções.

Por vezes, o mais importante não é o que dizemos, mas o modo como os outros acolhem as nossas mensagens.


Em jeito de reflexão "não basta dizer a verdade, é preciso saber comunicá-la"

domingo, 30 de outubro de 2011

DA PRESCRIÇÃO.... À REFLEXÃO

Até há relativamente pouco tempo, o profissional de orientação vocacional era visto como um especialista que, através da aplicação de testes, prescrevia às pessoas/alunos(as) um curso, uma profissão que corresponderia às características individuais do(a) avaliado(a). 

Actualmente, vigora uma perspectiva mais ampla de orientação. O profissional de orientação já não se coloca na perspectiva de orientar em termos de carreira ou plano vocacional, mas de orientar a planificação de vida.

Mais do que apoiar na escolha de um curso ou uma profissão, cabe, ajudar as pessoas/alunos(as) a conhecerem as suas capacidades e competências, a identificarem os seus interesses, desejos e expetativas, para as apoiar na (re)construção do(s) seu(s) projeto(s) de vida.

Hoje, sabemos que o desenvolvimento vocacional é um processo contínuo e que a nossa criatividade e os nossos potenciais podem ser descobertos e melhorados em qualquer altura da vida. 

Cabe-nos, portanto, lançar mãos a novas ferramentas que favoreçam a nossa evolução pessoal e nos preparem melhor para a adaptação ao tempo em que vivemos e que nos permitam descobrir e aperfeiçoar novas competências, muitas das quais não sonhávamos ter.

Neste sentido, deve-se perspetivar a pessoa/aluno(a) como um todo, como pessoa que procura um sentido para a sua vida, que é portadora de uma história única, de expetativas e sonhos.

Não se pode pensar a orientação como uma receita prescrita, mas antes como um processo de reflexão que conduza ao auto conhecimento.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Qualificações e Competências...que diferenças?

Os sistemas de Ensino e de Formação assumem, cada vez mais, um papel fundamental na "produção" das qualificações indispensáveis para enfrentar, com sucesso, os exigentes desafios que nos são colocados diariamente, sobretudo ao nível profissional. 
No entanto, questionamos se o mercado de trabalho absorve, de facto, as qualificações que são produzidas por estes sistemas.

De acordo com  o último relatório da OCDE, Portugal surge como um país onde se verifica uma melhoria na qualificação da população, nomeadamente ao nível do ensino secundário. Este facto constitui um feito importante para o país, uma vez que durante décadas foi dos piores na educação e formação.
Assim, e neste contexto, importa perceber se os sistemas de educação e formação estão, de facto, a agir no sentido de produzir as qualificações necessárias para o desenvolvimento do país?

Existe uma diferença assinalável entre o conceito de qualificações e o conceito de competências. As primeiras, são categorias formais que dizem respeito a conhecimentos ou habilidades que se supõe estarem adquiridos por determinadas pessoas, através da posse de um determinado comprovativo formal, passado por uma entidade "idónea". As segundas, são acções concretas que produzem resultados observáveis e mensuráveis num dado contexto ou situação.

Neste entendimento, a competência mostra-se no acto, é um saber agir. Para saber agir é necessário ter conhecimentos, capacidades e saber mobilizá-los. A competência constrói-se e revela-se pela prática.
Assim, não é claro que uma pessoa que esteja qualificada para realizar determinada actividade, evidencie, só por isso, a competência de a "fazer bem".

A questão central, desta reflexão,  é a de sabermos se a progressão das qualificações é acompanhada por uma, expectável, melhoria das competências. De acordo com a filosofia chinesa - "O que se sabe não tem valor em si mesmo. O valor está no que se faz com o que se sabe"

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A importância da Educação num país em crise

Sou dos que pensam que uma modalidade diferente de educação está por inventar.Isto porque, os discursos e as práticas que sustentam os procedimentos educativos na instituição escolar têm vindo a falhar.

Nestes tempos de mudança, a par das exigências da qualidade do ensino devem estar as exigências da qualidade do exercício da cidadania. Não basta preparar cérebros, é decisivo formar pessoas.
Na essência, a educação tem de perseguir incansavelmente um objectivo muito concreto, ou seja, preparar os jovens para a sociedade de amanhã. Para isso, tem de ter em conta dois aspectos bem precisos: a preparação para a vida profissional e, talvez mais importante, a preparação para a vida em sociedade.

Neste entendimento, cabe à escola, entre outras, alertar os jovens para os grandes flagelos que afectam a humanidade e incentivar a sua intervenção cívica; ajudar  a perceber o seu papel social na comunidade e a vivê-lo de uma forma actuante;  informar e consciencializar dos seus direitos e deveres; a assumirem as suas responsabilidades individuais e sociais; a compreender que se pode ter influência e marcar a diferença na respectiva comunidade de pertença. 

Neste sentido, o ensino deve promover um modelo de cidadão livre, responsável, autónomo, solidário, possuidor de um espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, dotado de um espírito crítico e criativo em relação à sociedade em que se integra.

Numa sociedade cada vez mais marcada pelo discurso economicista, em que o fosso entre ricos e pobres se agrava diariamente, o papel da escola é necessariamente limitado.Pensar que a escola pode reformar a sociedade e acabar com as assimetrias sociais existentes é depositar nos seus ombros um peso excessivo. No entanto, a escola pode dar um contributo forte, uma vez que é uma instituição vocacionada para formar as gerações mais novas.
O investimento na educação não deve ser apenas mensurável em termos economicistas, uma vez que lhe está associado um efeito social multiplicador.
Assim, sem um novo discurso que ponha a economia ao serviço do homem, e não o seu contrário, a escola ficará sempre muito aquém do que dela é esperado




quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Na sociedade actual cabe à escola dar resposta à diversidade dos alunos que a frequenta....

Nos dias que correm a escola tem de dar resposta à diversidade dos alunos que a frequentam como consequência da exigência imposta pelo papel que é chamada a desempenhar na sociedade actual. Cada aluno é um indivíduo e a sua origem socioeconómica e cultural influencia a sua forma de ser e de estar.

Neste sentido, a escola tem de ser capaz de prevenir situações de exclusão e de segregação, de todos os alunos. Isto porque, uma escola só é eficaz quando atinge os objectivos a que se propôs alcançar, entre os quais, o sucesso escolar dos alunos. Sobretudo dos que são provenientes de meios sociais desfavorecidos, que na maioria dos casos, manifestam desinteresse, com consequências ao nível do abandono e insucesso escolar.

Algumas dessas respostas passam, por medidas que levem estes jovens a encontrarem significado para a sua permanência na escola e, a concluir com sucesso a sua formação e escolaridade.

A preocupação em dar a conhecer alternativas curriculares mais direccionadas para as características deste tipo de jovens como, os Cursos de Educação e Formação e/ou os Cursos Profissionais, tem sido um exemplo de algumas dessas medidas.

No entanto, a excessiva preocupação em orientar estes jovens para este tipo de percursos, muitas vezes conotados como "soluções" para alunos "malsucedidos e pobres" pode, em algumas situações,levar à criação de guetos dentro da escola e, consequentemente, provocar um efeito contrário.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O dilema do ensino-aprendizagem

Os resultados dos exames nacionais do ensino básico (9.º ano de escolaridade), à disciplina de português e matemática, registaram, mais uma vez, uma queda significativa.
Perante estes resultados a questão que se coloca é a seguinte:
Foi o aluno que não estudou ou foi o professor que não soube ensinar a matéria?
Sempre que se fala em insucesso, a responsabilidade recai no lado da aprendizagem (do aluno).

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Problemas da e na Escola

Pensar que a escola pode reformar a sociedade e colmatar as assimetrias sociais existentes é colocar uma grande responsabilidade e exigência à escola.Acredito que esta possa dar um contributo significativo, uma vez que é uma instituição vocacionada para formar as gerações mais novas, mas esperar que todos os males sociais sejam resolvidos por ela, é irrealista.

A Escola, enquanto instituição da modernidade, continua constituída (quanto a mim erradamente) segundo uma matriz que já não resulta:"ensinar a muitos como se fossem um só". Neste sentido, continua a lidar mal com a diferença. 

A frequência da escola por todos os alunos, sem descriminação de ordem económica, social, cultural ou étnica, tem como consequência a transformação directa em problemas escolares de todos os problemas sociais. Problemas que decorrem da  pobreza, do desemprego, mas também, dos que afectam cada vez mais a sociedade actual, como a toxicodependência, a violência juvenil, as doenças sexualmente transmissíveis, a desestruturação das famílias, entre outros.

Assim, todos os problemas sociais tornaram-se problemas escolares.

A resposta a essa transformação tem sido, até ao momento, a de alargar progressivamente as funções dos professores. Isto é, para além de ensinar, o/a professor/a tem de ser assistente social, mãe ou pai perante situações de carência afectiva, psicólogo, polícia, entre outras.Ou seja, já não basta aos professores dominar, apenas, a sua área científica.

Neste entendimento, é minha opinião, que se exige demasiado à escola e aos professores. Este alargamento desmesurado de funções e de responsabilidades poderá, de alguma forma, ser apontado como uma das principais causas do mal estar que afecta a Escola.

Na minha perspectiva, além de ser necessário um reassumir das responsabilidades por parte das famílias e da sociedade, a Escola, tem de ser uma instituição igualitária e, ao mesmo tempo, respeitar a diversidade.

Outra das formas de superar estes problemas passa pela integração, por parte da Escola, de outros profissionais (o assistente social, o psicólogo, o licenciado em ciências da educação "educólogo") que, com os professores (sem nunca perder de vista as suas funções) sejam  capazes de responder ao conjunto de problemas sociais existentes.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O programa do XIX Governo (PSD/CDS) para a Educação...e não só

A publicação do programa do Governo, no que respeita à Educação (ver páginas 109 a 117) leva-me a enfatizar alguns pontos que me parecem preocupantes e, consequentemente poderão contribuir, negativamente, para qualidade da escola pública.

Assim, entre outros, há uma (demasiada) preocupação com a existência de mais exames, mais disciplina, mais exigência, mas não adianta qualquer sugestão quanto à atitude a tomar face aos alunos com dificuldades e maus resultados. 

Esta posição leva-me a pensar que há um desconhecimento...ou será desvalorização?????da complexidade da escola actual. Atrever-me-ia a dizer que é um programa demasiado "racional", ao gosto do actual responsável pelo Ministério da Educação.

Esperemos para ver..............

terça-feira, 14 de junho de 2011

As pessoas não nascem com uma vocação, constroem-na

Durante décadas privilegiámos a estabilidade nas escolhas profissionais. Hoje, mais do que nunca, sabemos que o desenvolvimento vocacional é um processo contínuo e, que a nossa criatividade e os nossos potenciais podem ser descobertos, trabalhados e melhorados em qualquer momento da nossa  vida.

As grandes mudanças económicas e sociais ocorridas nos últimos anos, (com consequências ao nível da imprevisibilidade e incerteza no quotidiano das nossas vidas), transformaram-nos e obrigam-nos a encarar novas formas de vida, que nos permitem adaptar a uma realidade plena de desafios nunca antes imaginados. Desafios, que surgem de todos os lados e cruzam todas as áreas da nossa vida, desde a familiar e profissional até à  relacional e ao próprio desenvolvimento pessoal.

Neste entendimento, cabe-nos lançar a mão a novas ferramentas que favoreçam a nossa evolução pessoal e nos prepare  melhor para a adaptação ao tempo em que vivemos, permitindo-nos, ainda, descobrir e aperfeiçoar novas competências, muitas das quais não sonhávamos ter.

Enquanto sintoma de crise, a instabilidade tem a vantagem de nos obrigar a ir mais fundo na procura e desenvolvimento dos nossos recursos, de maneira a usá-los melhor e o mais plenamente possível para podermos ultrapassar obstáculos. Se este princípio se aplica em todas as épocas e nas situações mais variadas da nossa vida, neste momento, em concreto, não pode ser mais verdadeiro e oportuno.

Esta necessidade de nos ultrapassarmos traduz-se, numa procura de aprofundamento do nosso auto conhecimento. Só este,  permite ter uma consciência mais alargada das nossas competências e lacunas, torna mais claros os nossos interesses e dá a conhecer desejos e motivações que, consequentemente, nos poderá levar a  fazer melhor(es) escolha(s).

Todos temos uma diversidade de recursos dentro de nós, um imenso potencial criativo, possível de ser revelado nas mais variadas formas de expressão e desenvolvido em diferentes graus, dependendo de uma série de factores e condições.Destacando, entre outras, uma multiplicidade de experiências, segurança afectiva, aceitação e liberdade de expressão de sentimentos dentro da família. No entanto, a interacção fora da família, na escola, junto de amigos e de todos os que fazem parte da nossa rede relacional é igualmente fundamental. Todos contribuem, à sua maneira, para a formação de todos nós, quer pela troca de informação,quer pelas experiências e  pelos estímulos que oferecem. Escusado será dizer que o meio cultural que vivemos, a qualidade de ensino na escola e os métodos de aprendizagem nele utilizados, bem como as oportunidades sociais e económicas,  são essenciais para a orientação do seu desenvolvimento.

Deste modo a orientação vocacional, como a entendo e pratico, através de uma perspectiva psicológica que dá prioridade à relação entre o sujeito e o mundo- a perspectiva Construtivista, Desenvolvimental e Ecológica, permite a integração das várias dimensões do exercício psicológico que interferem no processo vocacional. As pessoas não nascem com uma vocação, constroem-na. Nessa construção estão envolvidos diversos factores ( interesses e valores pessoais, influências parentais ou dos pares, etc.).
Assim, nesta perspectiva, a orientação vocacional, mais do que dizer às pessoas que têm mais jeito para  isto, ou para aquilo, trabalha o auto-conhecimento e promove a autonomia. Desta forma, capacita-as  para tomar decisões sempre que for necessário(indo para além do domínio escolar e profissional), e não se circunscrevendo, apenas, a momentos de crise.

Desta intervenção, e do bom uso que dela fazemos, decorre, naturalmente, maiores níveis de satisfação e de auto-estima, que nos dão confiança e motivação para ir mais longe, querer saber mais e aperfeiçoar talentos e saberes, muitos dos quais não sonhávamos ter.

De todo este processo sai a ganhar o nosso desenvolvimento pessoal, que nos torna mais completos e satisfeitos e nos faz sentir mais inteiros em tudo o que fazemos.Uma conquista que, a ser concretizada, contribui para a diminuição do  número de pessoas que, nas empresas e outras organizações, apenas aí estão de "meio corpo" e não de "corpo inteiro".Funcionam mas não vivem....

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Não são "doutores" como os professores, nem têm "estudos" como os alunos....

Todos os anos chegam notícias que, de forma negativa, marcam o arranque de um novo ano lectivo. Neste contexto, importa referir a grande quantidade de escolas e agrupamentos que se confrontam com as consequências resultantes da falta de pessoal não docente, nomeadamente de assistentes operacionais (antigamente conhecidos por auxiliares de acção educativa).Este facto, com consequências na desumanização da escola pública, é  fruto de uma política de vários governos, que vêm deixando de encarar estes elementos da comunidade escolar como recursos humanos que, ainda que não directamente  implicados no processo educativo em si, constituem um factor indispensável ao sucesso deste, seja no âmbito da organização e funcionamento das escolas, seja no apoio à função educativa. Ainda mais, quando estes mesmos governantes e responsáveis pelo Ministério da Educação, centram, nos seus discursos, a importância que todos os profissionais da educação têm  no processo de construção de uma escola de qualidade.
Integrados no pessoal não docente, os assistentes operacionais são os que mais vêm negado o seu verdadeiro papel na relação com os restantes elementos da comunidade escolar, levando à sua estigmatização e desvalorização. Facto bem presente na forma precária e de mero desenrasque com que os vão substituindo, seja através de contratos a tempo parcial de 2 a 4 horas, seja por utilização de trabalhadores desempregados, sem qualquer preparação prévia ou formação adequada. Desta forma, desvirtua-se a verdadeira missão destes trabalhadores e trabalhadoras que, não sendo "doutores", como os professores, nem tendo "estudos", como os alunos , têm cada vez mais um papel crucial no processo educativo.
São eles que, na escola,  ouvem as confidências do aluno isolado, que não tem amigos e não tem mais ninguém com quem falar; que escutam o/a professor(a) "desanimado(a)" com a escola; que limpam a escola à pressa quando há visitas ministeriais ou inspecções; etc.

Não apenas por isto, mas também, torna-se premente um maior investimento na humanização da escola. Para isso é importante contrariar algumas das medidas tomadas por algumas escolas, em nome da segurança, como a instalação de câmaras de vigilância, entre outras , que acabam por desvalorizar o papel destes trabalhadores.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A importância do aprender ao longo da vida.... e o processo de RVCC

Numa época em que o “prazo de validade” de muitos dos nossos conhecimentos é cada vez mais reduzido e precário, não adianta insistir em responder às exigências dos dias de hoje com saberes, aptidões e atitudes adquiridos a algumas décadas atrás.

A época em que vivemos é, de acordo com alguns sociólogos,  uma era de incertezas, de fragmentações, de desconstruções, de procura de valores, do imediatismo, do hedonismo, do consumismo, etc. Neste contexto, torna-se cada vez mais importante que as pessoas aprendam, não apenas para conseguir um trabalho mas, também, para poderem participar social e politicamente. Aprender a cidadania, a participação democrática e, tudo isto, envolve aprendizagem, e esta, passa pela educação formal ou informal.

É do senso comum que o ser humano aprende desde que nasce. Aprende com a família, com os amigos, com os grupos a que pertence, com os professores, com os formadores, etc. Aprende na escola, em casa, na fábrica, nos clubes recreativos e desportivos, nas acções de formação ……etc..

Este aprender, para a vida e para o trabalho, requer muitas qualificações e competências que se vão adquirindo ao longo da vida. Assim, quando falo em competências não me refiro a categorias vazias, elas pressupõem saberes e capacidades em acção.

É nesta realidade que considero relevante o surgimento dos CRVCC (Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências), sobretudo, enquanto sistema inovador que se opõe aos raciocínios dicotómicos que separa a escola, da vida; o ensino, da aprendizagem; o saber ,das competências. Isto, num período em que estudos académicos, as ciências da educação e a própria realidade mostram e defendem que a escola se deve aproximar da vida, que a principal preocupação da actividade educativa já não é o ensino mas a aprendizagem e que a aquisição e desenvolvimento de competências é o principal objectivo do acto educativo.

Assim, ao reconhecer na população adulta competências adquiridas ao longo da vida (por via formal, não formal e informal), tornando-as válidas face a um referencial nacional e certificando-as, assume-se que este processo (RVCC) não é mais do que uma elementar questão de justiça social, sobretudo num país com um passado histórico como o nosso.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estudar (ainda) vale a pena.....

Os/as portugueses/as ainda não digeriram completamente a brutal transformação do ensino superior nas últimas décadas. O universo de licenciados/as já não é um corpo de elite inacessível à maioria; pelo contrário, tornou-se uma legião de jovens sem conexão a qualquer estatuto social, familiar ou cultural. A democratização do ensino trouxe aos jovens em idade de escolher os seus cursos e/ou aos pais empenhados em ajudá-los a realizar as melhores opções uma série de angústias novas, para as quais ninguém tem resposta certa.Se até à geração anterior uma licenciatura era o melhor meio de se garantir um lugar no mundo do trabalho, hoje as estatísticas do desemprego acolhem milhares de jovens recém-formados.

As manifestações do tipo "geração à rasca", vieram colocar de novo o problema da educação e das suas vantagens e desvantagens, isto, num momento delicado de profunda crise económica e social. O problema pode ser resumido na seguinte pergunta: vale a pena, afinal, estudar????

Esta questão comporta um elemento de perigo que vale a pena encarar de frente: o da descrença nos efeitos da educação na valorização dos individuos  e da sociedade que integram. O pior que pode acontecer ao sistema educativo, aos jovens e ao país, é a consolidação que a educação não serve para nada, nem para garantir a mobilidade social, nem para prover meios indispensáveis para uma vida confortável. Torna-se, é certo, manter este discurso com jovens que concluíram os seus cursos universitários e estão no desemprego ou em empregos pouco qualificados e mal remunerados; é difícil fazer crer aos licenciados que trabalham fora das suas áreas de competência que os problemas estruturais do país, podem ser superados em breve. Mas há, também, um dado incontornável nestas discussões: sem formação superior o problema pessoal de muitos jovens seria provavelmente pior.

Quem está na fase de entrar nas últimas etapas de formação tem por isso de estar convencido/a de que apesar de a realidade ser dura, o desemprego afecta mais os jovens não qualificados do que os qualificados; que uma formação superior é sempre um ingrediente capaz de nos tornar mais abertos à compreensão do mundo e, por isso, mais adaptáveis às suas exigências.

Com base nestes instrumentos, o que os jovens e os seus pais têm de procurar evitar são armadilhas de cursos que existem apenas por tolerância do Governo e interesse próprio dos seus docentes ou áreas de formação nas quais a saturação de mão de obra é incontornável.Também neste ponto terá de haver uma ponderação cuidada. Isto porque, seja em Portugal ou em qualquer outro pais, haverá sempre lugar para os melhores entre os melhores, sejam eles da área da psicologia, engenharia, história, ou outras. Será sempre mais reconhecido/a, por exemplo, um/a bom/boa filólogo/a do que um mau/má engenheiro/a.

O que importa é reflectir bem sobre o que se quer e, principalmente, acreditar que o estudo é, não apenas uma condição fundamental para que sejamos cidadãos melhores, mas também, para que nos tornemos mais capazes de desempenhar tarefas de exigência superior. 

domingo, 1 de maio de 2011

"chumbar" ou não "chumbar"?

Permanece, ainda, um discurso sobre a escola assente em ideias feitas, incapaz de perceber o que está em causa quando se fala em "chumbar" ou não "chumbar" o/a aluno/a.Para muitos, os "chumbos" são a solução mais cómoda para "resolver" os problemas do insucesso.O processo de aprendizagem está a mudar, mas os velhos paradigmas permanecem. Reprovar um aluno é simples, mas não garante nenhuma eficácia ao sistema: muitos dos/as alunos/as que ficam para trás não recuperam, para não falar dos custos financeiros da retenção.Assim, entendo que cabe a cada estabelecimento definir o caminho a seguir, a partir de orientações básicas e tendo em conta o grau de escolaridade e as características da população que serve.Este esforço deve ser centrado na detecção precoce dos/as alunos/as com dificuldades de aprendizagem, bem como na formação especializada de professores. O primeiro ciclo é o território crucial para compreendermos onde devemos actuar.

sábado, 23 de abril de 2011

Reflexão crítica com base na obra "a Sociedade Individualizada" de Bauman

 UNIVERSIDADE DO PORTO- Reflexão de Bauman1

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Importância Percebida da Orientação Vocacional na redução do insucesso académico e do risco de abandono escolar dos/as alunos/as do Ensino Secundário beneficiários da Acção Social Escolar

Resumo

Este estudo procura abordar qual a importância percebida de práticas de promoção do desenvolvimento vocacional, junto de alunos do Ensino Secundário, oriundos de famílias consideradas carenciadas, que beneficiam da Acção Social Escolar (SASE). Caracterizada como uma população em elevado “risco” de abandono e insucesso escolar, a principal finalidade da investigação é compreender, a partir de uma abordagem contextual e desenvolvimentista do desenvolvimento humano, se e qual o papel que a intervenção vocacional poderá ter na diminuição do abandono e insucesso escolar deste segmento da comunidade estudantil, tendo em conta algumas particularidades do seu contexto, partindo da auscultação dos próprios alunos e de  fontes do contexto escolar e familiar. Foi adoptada uma metodologia de tipo qualitativo, tendo-se optado pela utilização de entrevistas semi-estruturadas como técnica de recolha de dados que foram, posteriormente, analisados com recurso ao software de análise de conteúdo NVIVO 8. Da amostra da presente investigação fizeram parte 29 participantes, de uma escola da área do Grande Porto incluindo alunos do 11.º ano do curso cientifico humanístico – área das Ciências e Tecnologias (n=12), pais e/ou encarregados de educação de alguns destes alunos (n=7), professores de diversas disciplinas dos alunos entrevistados (n=8) bem como duas técnicas (uma psicóloga e uma técnica de acção social escolar). Como principais conclusões deste estudo emergem, a importância, enfatizada por todos os participantes, do papel da orientação vocacional na redução do abandono e insucesso escolar desta população escolar, nomeadamente, no momento da primeira escolha vocacional. O envolvimento da família, sobretudo da mãe, e da maioria dos professores é outro dos aspectos que se destaca juntamente com as elevadas expectativas tanto de alunos como da família relativamente às escolhas vocacionais realizadas.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O(s) Lugar(es) do Vocacional - 29 de Abril de 2011 - FPCEUP

Vou estar presente nesta conferência organizada pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto que decorre no dia 29 de Abril nas instalações da mesma.

Novo blogue sobre Orientação Vocacional de Jovens e Adultos

Orientação Vocacional: que caminho seguir?

Numa sociedade em contínua mudança, contínuos são também os riscos e os desafios. O ser humano vai-se apercebendo, cada vez mais intensamente, não só da relatividade e precariedade dos seus conhecimentos, como ainda da "obrigação" enquanto cidadão de os partilhar.
Neste entendimento, considera-se indispensável a actualização contínua e permanente de todos/as aqueles/as que exercem funções nesta área.
Este blogue surge, neste âmbito, como um espaço de (in)formação  do que se faz e como se faz. Assenta sobretudo na partilha, quer de conhecimentos, quer de experiências vivenciadas.